IDII

13 de Maio de 2001: na sacristia da Igreja do Rosário, a Irmandade dos Homens Pretos, os príncipes, os clérigos e os irmãos celebram mais um aniversário da Lei Áurea!

 

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O IDII, sigla pela qual é conhecido o Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora, é uma organização não governamental voltada para educação, cultura, valorização da civilização brasileira e preservação da memória dos grandes vultos da transição entre o Oitocentos e o Novecentos, em especial de D. Isabel e dos Abolicionistas. O Instituto foi fundado em 13 de maio de 2001, no salão nobre da Imperial Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos do Rio de Janeiro.

O IDII considera que o desconhecimento de História do Brasil prejudica fortemente o desenvolvimento do espírito de cidadania e de autoestima em grande parte do nosso povo, o que contribui para a manutenção de várias das deturpações sociais e políticas do país. Nosso objetivo maior é apoiar a pesquisa e disseminar conhecimentos bem fundamentados de História e Cultura brasileiras, junto ao público jovem e adulto, de todas as classes sociais, atuando em parceria com outras entidades do Terceiro Setor. A natureza jurídica do IDII é de uma associação civil sem fins lucrativos, podendo ser definida como uma instituição para-acadêmica — um think-tank.

Resgatar o Abolicionismo e retomá-lo, em sentido lato, é nossa função precípua. A esse movimento denominamos neoabolicionismo. O neoabolicionismo é uma espécie de “psicanálise da Nação Brasileira”, como o definimos em 2005.

Embora concentre suas atividades no resgate histórico-cultural da memória dos abolicionismos e dos abolicionistas, o IDII objetiva muito mais. Cremos que o estudo e o ensino da História do Brasil aos brasileiros seja um fator de desenvolvimento socioeconômico e político. Todos os nossos projetos culturais, portanto, giram em torno da Educação, alicerce real de qualquer desenvolvimento sustentável.

E por que homenagear D. Isabel de Bragança (1846-1921), a popular “Princesa Isabel”? O engenheiro Pandiá Calógeras (1870-1934), célebre político e historiador carioca, disse certa vez que não existe no Brasil maior injustiçado(a) histórico(a) do que D. Isabel. O IDII não somente acredita nisso como afirma que o Brasil do III Reinado que não veio teria sido a grande fase de sedimentação nacional, algo que a obra da República Velha — ou Primeira República (1889-1930) — impediu.

Há um futuro no passado que é necessário descortinar. Porque André Rebouças (1838-1898), Joaquim Nabuco (1849-1910), Affonso Celso Júnior (1860-1938), Rodolpho Dantas (1854-1901), Alfredo de Taunay (1843-1899) e tantos outros abolicionistas fieis à Monarquia não puderam governar nosso país como ministros e conselheiros de Estado — Nabuco, A.C. Jr., Dantas e Taunay foram deputados no Império, mas com a República nunca mais voltariam, sequer, ao Legislativo — a obra abolicionista não pôde ser realizada. Bem assim Machado de Assis (1839-1908), Eduardo Prado (1860-1901), Carlos de Laet (1847-1927) e outros próceres das letras nunca se constituíram em autoridades governamentais, canalizando suas energias na literatura, no engajamento cultural institucional e no jornalismo, mas sempre distantes do Governo da República.

A Reforma Agrária anunciada na Fala do Trono de maio de 1889 foi completamente renegada e impedida pela República que se instalou com a quartelada de 15 de novembro. Bem ao contrário, foi com a promessa de indenização aos antigos senhores de escravos pela Abolição que o novo regime ganhou milhares de adeptos na “lavoura”, como então se dizia.

Nabuco proclamou: “A República é a desforra e a vingança dos despeitados!”. Rebouças, a bordo do Alagoas que levava para o exílio D. Pedro II e D. Isabel, vaticinou: “Acabou-se a civilização brasileira!”. A carga negativa do berço de nossa República é inegável; talvez por isso seja dificílima sua republicanização. Ela nasceu militarista, chauvinista, revanchista e, também, embora pouco se diga, racista. Sabe-se, por exemplo, que o Marechal Deodoro da Fonseca (1827-1892), timorato e sempre declaradamente monarquista, somente aderiu ao golpe, na hora final, após acreditar em mentiras de alguns republicanos; entre elas constava a de que a Guarda Negra estava a caminho da Escola Militar da Praia Vermelha, para espancar os cadetes insuflados de positivismo e republicanismo por Benjamin Constant Botelho de Magalhães (1833-1891). Tudo que envolve a passagem da Monarquia para a República no Brasil é extremamente simbólico e deve ser estudado de forma profunda e continuada, contrariamente ao que se faz na maior parte das faculdades de História em nosso país.

Importante ressaltar que o IDII não é nem quer ser um movimento monarquista brasileiro, ainda que saiba reconhecer a importância fundamental que tem em nossa História o legado do Império (1822-1889). Também não somos uma agremiação católica ou religiosa de qualquer matriz. O instituto cultural que leva o nome da mais católica de nossos governantes não é, ipso facto, partidário da (re-)união da Igreja com o Estado, mesmo porque somos hoje um país plurirreligioso, onde o laicismo da sociedade civil tem crescido.

Nosso quadro social congrega monarquistas e republicanistas — e os monarquistas republicanos, já que no léxico nabuquiano a fórmula é possível —, católicos e protestantes, budistas e ateus. Não nos consta que haja judeus e muçulmanos, mas eles seriam extremamente bem-vindos!

O IDII é uma organização de cultura brasileira, o que significa dizer que ele carrega a marca de mais de 500 anos de história do Brasil-Colônia, do Brasil-Império e do Brasil-República.

Defendemos, praticamos e enaltecemos as heranças multiétnicas herdadas de nossos antepassados, o que nos impede de repelir qualquer tipo de manifestação cultural e artística.

Por outro lado, é muito perscrutável que os membros do IDII partilham um sentimento patriótico e fraternalista no qual predominam elementos da ética cristã. O cristianismo, através da catequese da Igreja Católica, e depois do século XIX, através das missões protestantes, foi o principal sistema filosófico-religioso da História do Brasil. Entre erros e acertos, pecaminosidade e santificação, as três máximas virtudes teologais (Fé, Esperança e Caridade) pregadas pelos clérigos e pelas organizações religiosas de leigos — mormente as irmandades, confrarias etc. —, guiaram os comportamentos e iluminaram os caminhos de milhões e milhões de brasileiros no passado. Não é errado enxergar, portanto, que o IDII se alimenta desse legado na busca de propostas para o Brasil de hoje.

E o símbolo augusto desse Brasil justo, solidário, fraterno e caritativo é D. Isabel de Bragança, Princesa Imperial Regente e Imperatriz exilada do Brasil, a única mulher brasileira que, antes da Presidenta Dilma Rousseff, pôde governar, interinamente, esse extenso território, mas a quem foi negada a oportunidade de se mostrar a maior Chefe de Estado de nossa História.

 

13 de Maio de 2011 – 10 anos do IDII

 

https://youtu.be/uUL_NIjm0hA